6 de novembro de 2013

Reflexões : Despejo em favelas do Rio

A fotógrafa Lianne Milton tornou-se documentarista de coração, principalmente depois de ter explorado outras situações sociais complexas, tais como a violência na Guatemala e questões da água no Camboja. Logo que ouviu falar sobre os despejos que acontecem nas favelas do rio de janeiro, soube imediatamente que precisa documentar o processo. Milton diz que os despejos acontecem super rápido, e poucas pessoas conseguem capturá-los em andamento. Para ela, este ensaio fotográfico que retrata a comunidade do Largo do Tanque na Zona Oeste do Rio de Janeiro "documenta um dia na vida de uma ordem de despejo para mostrar o quão fugaz de uma casa pode ser. "
Muitos veêm as favelas como posseiros insignificantes por ter começado sem o envolvimento do governo e ter evoluído organicamente. Mas Lianne diz: "Nas favelas brasileiras as pessoas não vivem em piso de terra e em barracos de madeira. Elas são os bairros que surgiram a partir de uma necessidade de habitação, foram criadas pelos moradores, sem o apoio do Estado, sem regulação governamental ou fora dos desenvolvedores. E como os moradores ganharam melhores rendimentos, a sua qualidade de vida melhorou, bem como a sua habitação. Hoje é comum que as casas têm piso frio, eletricidade, água corrente, TVs e outros aparelhos."
Com a preparação do Brasil para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, muitas regiões estão sendo arrancadas e reestruturadas. Em muitos casos isso envolve a expulsão de pessoas de suas casas, para destruí-las a fim de construir uma nova estrada, estádio ou complexo. E esses despejos estão acontecendo, sem aviso prévio, ou cobertura dos meios de comunicação. Lianne foca na comunidade Largo do Tanque, do Rio de Janeiro. Lá, os moradores foram obrigados a deixar suas casas para dar espaço para a Rodovia Transcarioca, que se destina a ajudar a aliviar o congestionamento durante os Jogos Olímpicos. A demolição desta comunidade aconteceu em um curte espaço de tempo. Em menos de duas semanas, 54 casas foram demolidas. Aos moradores foram oferecidas indenizações, porém totalmente insuficientes para comprar uma nova casa.





As fotografias de Milton mostram as pessoas sendo tiradas de suas casas em tempo real. Ela mostra a destruição, mas também compartilha as reações e devastação dos membros da comunidade. Infelizmente, o Brasil está mudando em um ritmo tão rápido que é quase impossível para documentar todo o processo.

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